segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Corpos “excessivamente” saudáveis - Por Gyssele


Vigorexia é o nome que se dá para aqueles que são viciados em exercícios físicos, que almejam o corpo perfeito disseminado pela “ditadura da beleza”. Acompanhada de uma distorção da própria imagem, configura assim um transtorno psicológico denominado “transtorno dismórfico corporal”, somente possível em uma época onde se vive o adensamento de uma sociedade do espetáculo, onde o consumo da imagem é ainda mais voraz.
É também chamada de Síndrome de Adônis, fazendo referência a um ícone de beleza da mitologia grega, se relacionando ainda a um dos mitos de beleza estudados no curso, o mito de Narciso. O jovem grego se apaixona pela própria imagem ao se ver refletido nas águas de um rio, representando desde então o culto da auto-imagem e sugerindo o gerenciamento de si, característica da sociedade contemporânea descrita por Gilles Deleuze, onde o indivíduo se mostra intensamente atravessado pelo capital e por seus sutis mecanismos modernos de controle, “empresariando” sua vida e, portanto, seu corpo. Esse último se tornando mais imagem do que propriamente corpo.
A busca por corpos “excessivamente” saudáveis é, muitas vezes, a busca por uma imagem saudável, correspondendo, portanto, a uma lógica espetacular de consumo da imagem, onde o “parecer” prevalece ao “ser”. Como cita Paula Sibilia, no ensaio “O corpo reinventado pela imagem: Barbarella, 1968”:

“O espetáculo, escreveu Debord, “é capital em um grau tal de acumulação que se transforma em imagem”. Por isso, seus códigos e regras passaram a pautar nossos modos de vida e nossas visões do mundo, bem como os relacionamentos sociais e afetivos, e até mesmo a construção de si. A lógica do espetáculo foi se apropriando de tudo, sem deixar praticamente nada de fora, pois o espetáculo “é o sol que jamais se põe no império da passividade moderna.”

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