sábado, 12 de dezembro de 2009

Por Pedro Félix



Anúncio retirado de: http://www.futurocomunicacao.com/vitasport/blog/wpcontent/uploads/2009/04/emkt-oxygen-web3.jpg
“Nosso corpo é uma máquina e sua performance depende diretamente do que ingerimos.” A organicidade já se foi superada pela abordagem dos anúncios dos produtos da engenharia biocientífica, qual uma máquina industrial cuja razão de existir seria obter uma produtividade máxima no sentido físico (fisiológico), o corpo humano é apresentado cada vez mais a novas substâncias e técnicas manufaturadas que prometem elevar seu potência sem a necessidade de um esforço prosaico, mas sim a partir de mecanismos que tem ação intra-estrutural (genética) – “Radical energy intracellular matrix”.
O produto da propaganda acima é um suplemento alimentar que, conforme o anúncio, “...foi desenvolvido para a raça humana...” e encontra razão de existir na constatação de que: “No século 21 performance se tornou o ponto principal de nossas vidas.” A proposta desse item já atenta também para o público fora do campo do fisioculturismo e do esporte, ao contrário dos suplementos que fazem a cabeça dos vigoréxicos. São as pessoas no campo das relações sociais, a imagem pública como um novo espetáculo. Em um aspecto importante este exemplo de marketing segue uma orientação diferente da tendência contemporânea do culto ao corpo – não é apenas aquela ostentação dos músculos como elemento de uma carapaça invulnerável, um escudo e uma ferramenta de ataque do atleta, é o corpo na sua produtividade mecânica exterior, a imagem da sua intervenção no espetáculo cotidiano (tanto braçal quanto intelectual) -, porém não foge da pós-organicidade, do caráter fáustico que propõe um movimento que age da essência formadora e biológica, assim como outrora agia nas engrenagens e matrizes do hardware dos dispositivos mecânicos da era industrial.
Um princípio de fundamentalismo pró “boa-forma” do corpo é identificável em quase todas imagens que representam os artefatos da biociência moderna.

Bibliografia:

1. COURTINE, Jean-Jacques. “Os Sthakhanovistas do narcisismo”. In: Communications, nº 56, 1993.
2. COSTA, Jurandir Freire. “O vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral do espetáculo.”
3. COSTA, Jurandir Freire. “A personalidade somática de nosso tempo”. In: O vestígio e a aura: Corpo e consumismo na moral do espetáculo. Rio de Janeiro: Ed. Garamond, 2004; p. 185-202.
4. SIBILIA, Paula. “O homem pós-orgânico: Corpo, subjetividade e tecnologias digitais.” Rio de Janeiro: Ed. Relume Dumará, 2002.

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