sábado, 12 de dezembro de 2009

O Prazer sexual por intermédio de Tecnologias e Técnicas - Por Renato Reder



"Nossa espécie já aumentou a ordem "natural" de nossas vidas por meio de nossa tecnologia: drogas, suplementos, peças de reposição para virtualmente todos os sistemais corporais e muitas outras invenções. Já temos equipamentos para substituir nossos joelhos, bacias, ombros, cotovelos, pulsos, maxilares, dentes, pele, artérias, veias, válvulas do coração, braços, pernas, pés e dedos." - Ray Kurzweil.

Hoje tudo parece estar caminhando para que o parceiro sexual seja o próximo a ser substituído. A necessidade de um outro indivíduo para obter prazer sexual se faz cada vez menor frente a um crescente aprimoramento de técnicas e tecnologias desenvolvidas para que se atinja o prazer e orgasmo sozinhos.

Nas Sex Shops (virtuais ou não) a concentração de itens para o orgasmo individual é massiva. São estimulantes femininos, estimulantes masculinos, mastubadores femininos (em cápsulas, ou em forma de ovos vibratórios a prova d’água, ou duplos), masturbadores masculinos (com vibrador ou sem vibrador), retardantes de ejaculação sob forma de camisinhas ou óleos, estimuladores anais com vibração ou sem vibração, etc. Isso sem mencionar a entrada de itens cada vez mais hi-tech no mercado com direito a luzes neon, controle-remoto e integração com celular ou computador.

Frente a isso, atingir o orgasmo com um parceiro torna-se somente mais uma opção dentro do enorme leque de itens disponíveis. Há quem defenda esse quadro como uma espécie de libertação, de evolução da espécie. Eliminar a necessidade do parceito praticamente anula a possibilidade de transmissão e contágio de doenças sexualmente transmissíveis.

Por outro lado, nossos corpos se desenvolveram em uma época muito diferente. Nossa relação com prazer e sexo é muito particular e varia de pessoa pra pessoa. A otimização de substâncias e itens afim de proporcionar pressupõe uma duvidosa padronização ou unidade em relação aos seus usuários que tende a ser problemática. Cada corpo é absolutamente distinto em relação a outro. As formas, traços, linhas, contornos... as abstrações, sensibilidades, limiares de dor e prazer são únicos. Pressupor unidade nesse caso soa dramático. Não se sabe se haverá a curto ou longo prazo ou quais as consequências dessas práticas.

Aprimorar o que é normal, uniformizar o que é diverso, substituir ou eliminar uma necessidade da natureza humana dá margem a uma interminável discussão sobre o ético.
Não há limite porque não há regras, e não há regras porque a sociedade não discute a questão.

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