domingo, 6 de dezembro de 2009

Super-Homens - Por Tarcila

Os novos super-homens:

Dean Karnazes -
Altura: 1,75 m
Peso: 68 kg
Idade: 46 anos
Poder: correr 563 km sem parar

Kevin Warwick –
Idade: 55 anos
Eletrodos: 100
Chips: 2
Sonho: tornar-se ciborgue

Esses parecem ser os itens relevantes que conduziram a revista Galileu a apresentar o tema a nova evolução do corpo humano, onde tomam como exemplo atletas extraordinários (no sentido mais literal do termo, ou seja, que estão fora da ordem) e um cientista inglês que implanta chips em seu corpo para controlar mecanismos de seu laboratório.
O ultramaratonista Dean Karnazes é o exemplo orgânico da matéria, pois sua trajetória de vida toda é composta por acasos, genética e monitoramento de seu condicionamento físico.
Especialistas e estudiosos vêem Dean como um homem (corpo) perfeito, uma fonte rara para aprofundar estudos sobre ortopedia, nutrição, psicologia, medicina esportiva e até auto-ajuda, já que o próprio explorou sua condição e lançou dois livros - sendo “O Ultramaratonista” o best-seller que o deixou conhecido mundialmente - contando suas impressões e experiências ao conhecer o mundo correndo, bem como dividindo suas superações, como ele mesmo afirma na entrevista à revista: “Acredito que o segredo para a maior parte das coisas que sou capaz de fazer não está no meu corpo, mas na minha cabeça.”
3% de gordura no corpo, correr 563 km sem parar, 50 maratonas em 50 dias, 155 km com três costelas quebradas e correr dormindo é o que classifica Dean Karnazes como super-homem.

Da mesma matéria surgem exemplos de homens com novos corpos, inclusive que utilizam de próteses de última geração que aprimoram muito o físico.
Desde próteses do tipo Cheetah que lhe permite nadar, correr e andar de bicicleta (tecnologia de ponta), passando por terapia genética, injeções de células-tronco, até promessas para o fim da disfunção erétil estão inclusos na lista do “Ser humano 3.0” da matéria Corpo – Como a Ciência Está Construindo a Nova Etapa da Evolução: vamos viver mais, melhor e com capacidades sobre-humanas” da revista Galileu de novembro de 2009.

O ápice da matéria vem no final, claro. Uma foto provocativa de um homem com vários circuitos e eletrodos presos ao seu corpo e em letras garrafais “Eu, Ciborgue – um cientista inglês quer iniciar a nova etapa da evolução: criar corpos feitos de pele, osso e circuitos” lhe convida para a leitura.
Consta que em 1998 um professor da universidade de Reading na Inglaterra, o homem da descrição da foto acima, se tornou um robô por implantar um chip em seu próprio braço a fim de controlar mecanismos de seu laboratório. Hoje ele já está convencido que a próxima evolução humana será nos tornarmos ciborgues.
Em busca disso o cientista Kevin Warwick planeja que ao alcançar 60 anos (dentro de 5 anos) possa implantar um chip em seu próprio crânio.

Um aficcionado por ficção-científica Warwick corre atrás do sonho de aumentar a capacidade dos cinco sentidos de nós seres humanos ou nos dar um sentido extra, como o que ele já teve, controlar seu computador mentalmente de outro continente através da internet.

Um ponto interessante para ligar à disciplina Corpo, Subjetividade e Tecnologia é a experiência que ele fez com sua esposa, onde um chip foi implantado no sistema nervoso dela e ele recebia um sinal elétrico quando ela movimentava o braço, por exemplo, o que configuraria uma nova forma de comunicação, uma nova linguagem que pode estar disponível, de acordo com o próprio Warwick, em cerca de 25 anos.

Super-homens e histórias em quadrinhos à parte, o que está por trás de toda essa discussão ainda é a busca por máquinas/corpos perfeitos, onde se aprofunde a engenharia reversa e amplie nossas condições de humanos ou até meta-humanos (se Warwick, nosso Fausto, permitir).
Karnazes se torna a propaganda do antigo conceito comunista de homem novo – um homem melhor, re-educado, solidário e que acredita na natureza humana – o que também está em voga, não tomar remédios, levar uma vida regrada e à base de exercícios físicos e mentais, claro. O ultramaratonista é exemplo para se buscar através da técnica de engenharia reversa uma normatização genética para otimizar e reprogramar os corpos futuramente.

E como existe o imperativo de estarmos virtualmente doentes, o cientista inglês tenta nos auxiliar reprogramando nossos corpos arquitetando corpos controlados.
Controlados como Dr. Mabuse? Seria mais uma prática de vigilância para nossa sociedade ou apenas mais uma nova desnecessária necessidade do qual não viveremos sem?

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