quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Substitutos - Por Paula Chaves



Na Era pós-moderna, é possível intervir no corpo se os pensarmos como softwares. É possível “consertar” o corpo mecanicamente, de fora para dentro, ou geneticamente, de dentro para fora. A busca pelo corpo perfeito é almejada por grande parte da população, que utiliza cirurgias plásticas para tentar ter um corpo dentro do padrão de beleza e juventude exigidos pela sociedade. A tecnociência esta cada vez mais evoluída. Uma de suas últimas descobertas foi uma maneira de fazer com que um macaco mova um braço mecânico apenas com a mente.
Utilizando-se dessas informações, o filme “Substitutos” vai além desse raciocínio e cogita que, em uma realidade futura, nós seríamos capazes de viver através de um clone nosso controlado mentalmente. Enquanto o indivíduo – chamado de operador - estaria em estado vegetativo dentro de casa, em uma espécie de “coma”, o nosso substituto – assim são chamados os clones – estaria nas ruas trabalhando, comendo, passeando, etc. Ou seja, vivendo pelos humanos. Os operadores não deixariam de sentir as atividades, apenas se privariam do risco que correm saindo nas ruas atualmente. Em qualquer caso de perigo, não seria necessário se preocupar, pois se o substituto se ferir ou morrer, não afetaria o operador em nada. Bastaria apenas comprar outro “robô” e substituir o ferido por outro novo, perfeito. Esta seria a grande vantagem da utilização de substitutos, a segurança. Tal vantagem é umas das grandes preocupações existentes hoje, visto que se vive em uma sociedade de risco. Não é mais a busca da normalidade que vigora, como na Era Moderna. Agora o indivíduo é guiado pelo risco – de morrer, ficar doente, etc.

O excessivo culto do corpo, onde a beleza, a juventude, e o bem-estar são necessários, também se mostram presentes no filme. Uma característica almejada por grande parte da população e que se torna possível no filme é a possibilidade da pessoa “photoshopar” seu próprio corpo, visto que os substitutos são artificiais e podem apresentar qualquer tipo de aparência desejada, e muitas vezes são versões melhoradas dos humanos que os controlam. Na sociedade em que 90% da população que sai nas ruas são clones, as pessoas ficam visivelmente mais bonitas, ou seja, com a aparência jovem, polida, esbelta e lisa.
Mas, na trama do filme, os humanos que são contra os substitutos criam uma arma capaz de matar as pessoas, e traz a tona novamente a atmosfera de perigo. Com esta arma, se o substituto morre o humano que o controla morre junto. Dessa maneira, toda a idéia inicial de se ter um clone é questionada, pois a segurança, que era a grande vantagem, não existiria mais. O filme traz para a sociedade atual, de caráter fáustico, uma reflexão sobre os limites da tecnociência. Até que ponto se pode ir para aperfeiçoar e garantir qualidades como a segurança e a beleza?

Trailer no youtube:

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