segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O SCANNER CEREBRAL E A POSSIBILIDADE DE ELIMINARMOS LEMBRANÇAS - POR ANDRÉ SANTOS



"Brilho eterno de uma mente sem lembrança" traz uma temática deveras interessante sobre como lidamos em relação as questões que envolvem a mente humana. Mais especificamente sobre possibilidades de interferências na memória através de recursos tecnológicos.



Os resultados que o scanner cerebral podem gerar ainda representa uma incógnita. O seu potencial é deslumbrante e assustador: a possibilidade de ler mentes. No filme, uma empresa (Lacuna Inc) oferece o peculiar serviço de apagar lembranças da mente. Através do contato com objetos e relatos do cliente, o processo é baseado no mapeamento da lembrança que deve ser eliminada. A idéia é estigante por se encaixar perfeitamente no funcionamento da mente, baseada sempre nas associações para identificação ou repulsa de qualquer coisa.

Por conseguinte, esse enredo submete a uma linha de raciocínio que ganha cada vez mais força, ao tratar a memória como um hd de computador. Essa tendência vem de encontro com o avanço da nano-tecnologia, que trata o corpo humano como uma máquina, que proporcionará futuramente a substituição de quase qualquer "peça". No texto Ser Humano 2.0, Kurzweil destaca que "nos tornaremos mais não-biológicos do que biológicos". Com isso, a mente ganha papel central nos estudos que visam a intervenção sobre o corpo. isso se deve em parte a herança cultural que nos leva a associar todo o funcionamento do corpo ao cérebro.

Outra consideração importante diz respeito a intenção de quem resolve apagar algo de sua mente pelo comodismo. Trata-se de uma prática que lembra uma cirurgia plástica, já que envolve a vaidade do ser humano e segue a mesma lógica da cultura do corpo,
bem destacada por Jean-Jacques Courtine no texto "Os Stakhanovistas do narcisismo".



Eliminar lembranças mexe com a nossa imaginação e gera polêmica. Afinal, quem não gostaria de poder apagar alguém de sua memória? Talvez realmente fosse uma solução para corações amargurados. Em contrapartida, o scanner cerebral pode vir a trazer enormes benefícios relacionados a distúrbios mentais. Em seguida, precisamos considerar também o inconsciente. Apagar uma lembrança não impede que façamos caminhos semelhantes, sem uma explicação lógica. Simplesmente porque tendemos a agir de tal forma.

Para finalizar, cabe ressaltar que ainda não se pode precisar as possibilidades exatas do desenvolvimento de um processo semelhante ao realizado no filme. Porém, como tantos outros avanços tecnológicos, esbarraremos na questão ética. Afinal, quem irá regular tais práticas?

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